sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Após chacina, Exército e prefeituras fazem “jogo de empurra” sobre segurança de parque de Gericinó

A segurança do Parque Natural de Gericinó se tornou um jogo de empurra desde que um grupo de seis jovens foi até o local no último sábado (8) para tomar banho de cachoeira e desapareceu. Os corpos dos meninos foram encontrados na manhã de sábado (10) às margens da rodovia Presidente Dutra. Na tarde de quinta-feira (13), outro corpo e uma ossada foram encontrados no local.
A maior parte do Gericinó, uma área de 53 km², pertence ao Exército. Os municípios de Mesquita e Nilópolis são responsáveis por 0,106 km² e 1 km², respectivamente. Segundo o CML (Comando Militar do Leste), a cachoeira onde os meninos costumavam se divertir pertence à Mesquita. Procurada pelo R7, a prefeitura da cidade negou a informação e disse que o local está em processo de doação. Dessa forma, até que o trâmite seja concluído, a área continua sob responsabilidade do Exército.
O CML informou ainda que a parte que compete à corporação não é aberta ao público já que serve como local de instrução da organização militar do Rio de Janeiro. Trinta e três homens são responsáveis pela segurança do local, em duas patrulhas diárias que são realizadas nas dependências do parque.
A outra parte do parque de Gericinó, de 1 km², pertence à Nilópolis. De acordo com a prefeitura, o local é patrulhado por policiais militares e guardas municipais. As rondas no entorno no parque são feitas pelo Batalhão de Mesquita (20º BPM). A prefeitura informou ainda que existe uma guarita na entrada principal do parque, onde um vigia faz o controle de entrada e saída dos visitantes.
Na quinta-feira, o pai de Christian Espírito Santos, um dos seis jovens mortos na chacina informou que irá processar o Exército e o Estado. De acordo com Cildes Vieira do Espírito Santo, a falta de segurança no parque resultou na ocupação da região por traficantes e consequentemente na morte dos garotos.
— Essa área pertence ao Exército. Não dá para acreditar que eles desconhecem a permanência de traficantes no parque. Estão sendo omissos. Não tenho dúvidas de que vou processá-los.
O pai do menino conta ainda que há cerca de dez anos havia cancelas na região, o que impedia a entrada de civis na área em que são realizadas as instruções dos militares.
— Existia segurança 24 horas nesse lugar. Se uma criança tentasse entrar no parque, ela era detida e levada para a delegacia.
Sobre a acusação de Cildes Vieira do Espírito Santo, o Exército informou que a corporação é solidária às famílias dos meninos, porém, até o momento, a única coisa que se tem de concreto é que os corpos foram encontrados às margens da rodovia Presidente Dutra. "Em relação aos fatos, nenhum órgão de segurança apontou o local onde ocorreu o crime e se em algum momento o Exército tiver conhecimento que o crime aconteceu dentro da área militar, a corporação irá apurar."
Em relação ao corpo e à ossada encontrados na tarde de quinta-feira no Parque Natural de Gericinó, o Exército admitiu que estavam dentro da área que pertence à corporação. Um deles estava em avançado estado de decomposição. Ambos estavam semi-enterrados em um terreno do parque, dentro da área militar. O pai de José Aldecir da Silva Júnior, de 19 anos, desaparecido desde o último sábado, reconheceu o corpo do filho pela tatuagem que ele tinha no braço.

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