segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Emergência do Hospital Estadual Carlos Chagas vira “depósito de gente” -

De sexta-feira a domingo o Carlos Chagas não conta com nenhum anestesista. Isso é gravíssimo, criminoso! Por ser um hospital de emergência, a qualquer momento pode ser necessária uma cirurgia e, sem anestesia, isso é impossível.

A frase é do presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio, Jorge Darze, após a inspeção, com membros da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no hospital estadual localizado em Marechal Hermes (Zona Oeste). A visita aconteceu no último sábado e as fotos foram cedidas ao Jornal do Brasil com exclusividade.

Para Darze, o déficit de pessoal e de equipamentos fez com que o Carlos Chagas tenha diminuído sua capacidade de atendimento numa área em que vivem 1,3 milhão de pessoas de 28 bairros.

– O tomógrafo, hoje obrigatório em qualquer emergência, está quebrado há mais de cinco meses. Dos três aparelhos de raio-x, somente um funciona e apenas para exames simples. De uns tempos para cá, por falta de anestesistas, o número de cirurgias eletivas caiu pela metade.

Um médico que trabalha no Carlos Chagas há quase três décadas disse que a manutenção dos parelhos é inexistente.

– O hospital é centro de referência no tratamento de hemorragia digestiva, mas os dois endoscópios usados pelos médicos da área simplesmente não funcionavam. Depois de meses de espera a situação só foi resolvida no mês passado. Mas apenas um dos aparelhos foi consertado – disse o médico, que pediu para não ser identificado.

Para agravar o precário estado do atendimento prestado à população do entorno do Hospital Carlos Chagas, na última quinta-feira o setor de ortopedia da instituição foi fechado pela Subsecretaria de Atenção à Saúde.

Outro médico do Hospital, que também não quis se identificar por temer represálias, afirmou que, com a desativação da ortopedia, a população precisará se deslocar para outras áreas em busca de atendimento. Ele questionou, ainda, as razões para o fechamento do setor.

– Agora, se o sujeito quebra a perna no Campinho, ou ele vai para Realengo, no Hospital Estadual Albert Schweitzer, ou para Penha, onde fica o Getúlio Vargas. Essa decisão é inexplicável. Há um ano atrás o setor realizava quase 100 cirurgias mensais. Há estrutura, profissionais e o material básico; fecharam a ortopedia por algum motivo maior – acusou.

O deputado estadual Paulo Ramos, membro da Comissão de Saúde definiu a situação assim:

– Um verdadeiro depósito! As pessoas estavam armazenadas nos corredores aguardando atendimento.

Para Ramos, o quadro no hospital é “periclitante”.

– O setor de ortopedia foi desativado, o de ginecologia caminha para isso. Alguns andares do prédio parecem fantasmas. O Carlos Chagas se encontra em extinção.

Para Paulo Ramos, a situação do hospital é reflexo da forma como a Saúde é tratada no Rio de Janeiro.

– Foi fácil perceber o descaso em relação à Saúde. A desorganização e a malversação do dinheiro público eram evidentes em cada canto do Carlos Chagas. Os profissionais do hospital estão prestes a largar seus postos. Muitos ficam ociosos por falta de condições, como o cirurgião que não pode operar por falta de anestesista.

Ramos disse que ainda hoje comunicará a situação ao Ministério Público Estadual.

– Entrarei com uma representação no MP. Vou pedir também acompanhamento de promotores nas próximas inspeções pela rede de hospitais do estado.

Secretaria de Saúde desmente denúncias

A respeito dos problemas denunciados pelo Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SindMed - RJ), no Hospital Estadual Carlos Chagas, a subsecretária de Atenção à Saúde, Hellen Miyamoto, deu algumas justificativas através de nota emitida pela assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado.

“A peça que apresentou defeito no tomógrafo está sendo orçada pelo setor responsável para que o conserto seja providenciado. O aparelho de raios-X está funcionando com problemas. O reparo será providenciado nesta semana, para que volte a funcionar adequadamente”, diz a nota.

No mesmo texto, Miyamoto negou as denúncias de falta de anestesistas e queda no número de cirurgias realizadas no Carlos Chagas, que contaria com 470 médicos:

“O plantão em cirurgia está completo nos finais de semana. Com relação à programação de cirurgias eletivas continua normal e, dos seis centros cirúrgicos, quatro salas estão em funcionamento.”

Ainda no comunicado, Hellen Miyamoto disse que “o serviço de ortopedia foi desativado em função da insuficiência de profissionais especialistas na unidade” e que “o Estado continua mantendo os demais hospitais para atendimento de traumato-ortopedia”.

A subsecretária informou que “a emergência do Hospital Estadual Carlos Chagas não atua como unidade de porta aberta, recebendo apenas pacientes referenciados pelas Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) Samu”, o que significa que as pessoas só podem se dirigir à unidade de ortopedia depois de terem passado por um exame preliminar.


Jornal do Brasil

5 comentários:

Anônimo disse...

Vergonhoso! Isso é culpa desses ultmos governos que destruiram o Rio de Janeiro. Nas próximas eleições vamos dar uma resposta. Todos unidos contra o descaso.

Anônimo disse...

# Novos interstícios no plano de carreira dos PMs: Para cabo PM,de 08 para 15 anos e para Terceiro - Sargento PM,de 15 para 20 anos.about 2 hours ago from web
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Cabral não quer dar nada para o PM. A gratificação de R$ 350,00 aos PMs aptos virá de verba da própria Corporação.Como o cobertor é curto...about 2 hours ago from web
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Só vai ter direito a Apartamento no HCPM o PM quer foi ferido em serviço

Anônimo disse...

Nessa última semana, estive conversando com dois oficiais superiores a respeito da nossa situação atual, no que diz respeito à motivação dos nossos oficiais em assumir funções de comando em nossas OBM. Em uma conversa bem franca e amigável, tive a oportunidade de ver que, por estarmos vivendo situações jamais vistas desde 1856, onde há soldados com salários superiores aos de capitães, tenentes, subtenentes e sargentos; onde cabos QBMP/06 ou QBMP/11 recebem gratificações superiores às de um comandante de GBM; Onde Tenentes QOS percebem salários superiores até que os de coronéis; até nossos oficiais superiores andam desmotivados e insatisfeitos, assim como a imensa maioria da tropa que se alimenta exclusivamente do orgulho e apreço à profissão para diuturnamente desempenhar nossa missão de VIDA ALHEIA E RIQUEZAS SALVAR! tão esquecida e subjulgada, ultimamente.
Nossos salários (OS PIORES DO BRASIL!) fazem estragos possivelmente irreparáveis em nossa corporação.

Um daqueles oficiais superiores, tal como muitos em nossa caserna, me indagava a respeito de questões salariais, subordinação política, etc. e me dizia que, infelizmente, nossa situação não tem jeito e que jamais mudará, tendo suas palavras corroboradas pelo outro oficial superior. Prontamente pedi a palavra e disse que, apesar de entender o ponto de vista e aceitá-lo, DISSE QUE NOSSA SITUAÇÃO, CERTAMENTE, MUDARÁ, SIM!

Apesar de vermos, inclusive, oficiais expoentes desmotivados e céticos, assim como 99% da tropa, TENHO A MÁXIMA CERTEZA QUE O FUTURO NOS PERMITIRÁ O REVÉS DA INACEITÁVEL, DESMOTIVANTE, DEGRADANTE,... SITUAÇÃO ATUAL!

Aprendi em meus primeiros dias de Bombeiro que não recuamos, seja lá diante de qual adversidade for. E não será por causa de seres temporários que devemos fazê-lo.

O CORPO DE BOMBEIROS É MUITO MAIOR QUE QUALQUER UM QUE OSTENTE UMA POSIÇÃO TEMPORÁRIA E EXISTIRÁ ATÉ O ÚLTIMO INSTANTE QUE HOUVER A NECESSIDADE DE SERVIR AOS CIDADÃOS BRASILEIROS!

Não podemos acreditar que o fim da linha chegou se essa "batalha" não tem fim.

NÓS, JUNTOS, VAMOS MUDAR O RUMO DE NOSSA HISTÓRIA, MESMO QUE NÃO MAIS AQUI ESTEJAMOS PARA PRESENCIAR TAL MUDANÇA DE RUMO!


JUNTOS SOMOS FORTES

LAURO CÉSAR BOTTO MAIA

1º TEN BM QOC

Anônimo disse...

A Rede Globo acaba de noticiar que Policiais Militares e Bombeiros Militares lotam as ruas de Recife - Pernambuco -, caminhando pela aprovação da PEC 300/2008.
Um exemplo a ser seguido por nós do Rio de Janeiro.
Domingo, 30 de agosto, 10:00 horas, no posto 10 do Leblon.

Elisandra Mondaini disse...

a saúde pública no RJ está uma vergonha, isso eles deveriam mandar lá pra fora para as pessoas verem qual é o PAÍS DAS OLIMPÍADAS E DA COPA DO MUNDO, no sabado, dia 20/02/2010, fui a vários hospitais públicos e UPAs e qundo cheguei ao Salgado filho as 14:50, fui informada que o ortopedista só atenderia após as 18:00hs, mas nem isso, quando consegui ser atendida já se passavam das 21:00 e nem examinhada, nem RX foi pedido, fui apenas medicada, sem nem o medico olhar o meu problema, hoje dia 28/02/2010 ainda sinto dores e não encontro ortopedista.pagamos impostos e os governantes saem com nosso dinheiro nas cuecas e nas meias.